sexta-feira, 14 de setembro de 2007

POLÍTICA E POLITICALHA

DIRCEU KOMMERS



A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura e eleva o merecimento.

Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que, entre nós, se deu a alcunha de politicagem. Essa palavra, não há dúvida que rima bem com criadagem e perolagem, afilhadagem e ladroagem, sacagem, lei da vantagem... Mas não tem o mesmo vigor da expressão que seus consoantes. Quem lhe dá o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicagem? Neste último sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa. Política e Politicalha não se confundem, não se parem, não se relacionam uma com a outra. Antes; se negam, se excluem, se repulsam mutuamente.

Vejam: enquanto a Política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis, a Politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a Política uma função ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente; - e crônica dos povos negligentes e viçosos pela contaminação de parasitas inexoráveis.

A Política é a higiene dos povos de moralidade estragada.